terça-feira, 21 de outubro de 2014

Um pouco de inspiração - "Há horas em que o altruísmo cansa"

   Uma postagem um pouco diferente do usual do meu blog. Mas como gosto de escrever, principalmente em determinados momentos de um certo estresse, compartilho com vocês minhas ideias e opiniões.

Por Anderson Domingos de Oliveira

Há horas em que o altruísmo cansa


Cansa quando percebemos que tudo que fazemos parece em vão, que cada gesto de respeito, de atenção e cuidado não fora suficiente. Apesar de tudo e de toda a dedicação, as vontades internas acabam sendo maiores que o respeito e a renúncia por um bem maior.

Segundo o dicionário, altruísmo significa atitude de amor ao próximo e ausência de egoísmo. É também considerada uma doutrina ética que indica o interesse pelo próximo como um princípio "supremo" de moralidade.

Pelo exposto acima, logo se percebe que o altruísta e o seu altruísmo estão, infelizmente, em constante diminuição e desuso. Com toda a ostentação, com toda a vontade de mostrar ao seu semelhante (que você julga ser inferior a você) que você tem, você pode e/ou que você é tudo o que quer ser por ter um pouco mais de posses, tudo o que se cultua como do momento, da moda, do que deve ser o belo, cada dia as relações vão se esvaindo, vão se esvaziando. Percebemos como o egoísmo se mostra a cada dia mais presente nas relações interpessoais.

Mas então você pergunta, já que o altruísmo é uma atitude tão nobre, de cuidado com o próximo, como alguém pode se cansar de tal gesto?
Simples, cansa fazer o correto, cansa fazer o bem numa sociedade tão eivada de vícios e tão impregnada de desrespeito. Diga-me você se não lhe trás um sentimento de frustração quando o “esperto” passa na frente de todos que estão aguardando o semáforo abrir para contornar aquela rua. Esse é um mísero exemplo de como todos os dias somos desrespeitados e muitas vezes somos desrespeitosos com aqueles que estão ao nosso lado.

Contribuindo para o texto, trago o significado de egoísmo. Amor próprio excessivo, que leva um indivíduo a olhar só para as suas opiniões, interesses e necessidades, e que despreza as necessidades alheias. Portanto o egoísta só se interessa pelos seus sentimentos e vontades, quem está ao seu lado, pouco importa, o importante é realizar suas vontades, independentemente de suas vontades atingirem alguém. O egoísmo é o inverso do altruísmo, o altruísta é solidário com o próximo.

Então me diga, identificou alguém em um destes dois extremos? Acredito que sim, talvez mais facilmente um egoísta, pois como havia dito, ostentar as posses e mostrar ser melhor e mais que os simples mortais está muito em voga na nossa sociedade. Mas pense, quem ostenta, ostenta o mais do mesmo, o ostentador, o egoísta, mostra que possui inúmeros relógios, roupas, carros e veja como soa familiar perceber que tudo que é ostentado é apenas um número maior de coisas que eu, você e qualquer mortal possuímos. O meu único relógio marca as mesmas horas que os inúmeros relógios do ostentador, minha roupa me veste do mesmo jeito que as inúmeras coleções que o ostentador possui. Perceba que no fim de tudo, o ostentador sempre busca mais e mais, nunca está pleno e satisfeito, sempre há um vazio em seu interior.

Existe um tipo de altruísmo menos etéreo, um pouco mais terreno, chamamos de altruísmo recíproco, o seu conceito reside em ajudar uma pessoa e mesmo que num futuro muito distante, aquela pessoa possa nos ajudar retribuindo aquele primeiro favor.

Mas voltando ao altruísmo, dois fundamentos que baseiam o altruísta são a empatia e a ética, porque é importante que uma pessoa se coloque no lugar da outra, entendendo o que ela está passando e atuando de acordo com isso. Então, quantas vezes você viu alguém tendo gestos nobres como estes ultimamente? Quantas vezes você fez isso este ano?
Dá para entender agora o motivo de eu estar cansado do altruísmo?

Vamos a mais um conceito, amor próprio.

Achei esta referência num site, e achei muito pertinente:

O amor próprio é o amor que as pessoas têm por si mesmas. Muitas vezes as pessoas, por causa de fraquezas antigas, de crises mais recentes, não conseguem defender seus interesses para satisfazer suas necessidades. É um grande tema da psicologia e da psicanálise, já que faz parte do cotidiano dos profissionais destas áreas.
Para ter amor próprio, não significa que as pessoa devam ter sempre seus desejos satisfeitos, ser egoísta ou pisar nos outros. O amor próprio faz com que as pessoas ajam positivamente, procurem evitar pensar no passado, quando há tristezas ou mágoas, que procurem sempre lembrar que foi mais uma experiência para poder evoluir, procurando tirar proveito daqueles acontecimentos.
Quem se ama de verdade, procura possuir controle emocional, procura compreender as pessoas, estar sempre, ou a maior parte do tempo, de bem com a vida e esquecer a opinião alheia, não guarda raiva, rancor, está sempre disposto a perdoar e ter coragem, confiança e segurança para recomeçar.

Perceba como este significado de amor próprio, acaso fosse colocado em prática pela maioria das pessoas de nossa sociedade, já ajudaria e muito a nossa convivência. É tão difícil assim fazer o certo, é tão penoso agir conforme as regras de convivência e de respeito pelo próximo e respeito a si mesmo? Sim, é muito difícil. Nascer, ser criado, ensinado e bombardeado por uma indústria e mídia de consumo desenfreado, ter a consciência de agir diferente da maioria, de ir contra o consumo, de querer bem aquele que se importa com você. Ufa, cansa só em ler não é?

Não sou e nem quero ser melhor que ninguém, quero ser feliz, quero viver bem, respeitar e ajudar aqueles que estimo e que estão comigo. Não enxergo a renúncia de pequenos detalhes da vida em prol de um bem muito maior como um problema, vejo que ceder um pouco para estar bem com quem se ama é algo justíssimo, mas pedir que o próximo tenha este mesmo sentimento, este mesmo altruísmo que tanto espremi aqui, é pedir um pouco demais. Demais porque como eu escrevi, é muito complicado ter esse tipo de desprendimento, e mais ainda, ter essa consciência de fazer bem ao próximo, enxergar nesta atitude e princípio de vida um motivo para todos os dias levantar e fazer o bem, fazer feliz quem você ama e quem te faz feliz.

É pedir muito ou não é?

Por isso que há momentos na vida em que você cansa em dar socos em pontas de faca, você cansa de ajudar. Por vezes estamos tão vendados que não percebemos como nos esforçamos em carregar em nossos ombros uma pessoa que não reconhece ou que está tão bem amparada, que tudo que foi feito por um bem maior se tornou banal, se tornou comum. E no fim de tudo, o altruísta é quem mais sofre, é quem mais pena pela falta de reciprocidade ou simplesmente pela falta de lealdade.

O bem da verdade é que o altruísta lutou tanto para reconhecer em si esta empatia e ética para com o próximo e com a vida, que não demora muito volta a agir altruisticamente (até a pronúncia da palavra é difícil).

Cuide de quem você ama, de quem você gosta. Renuncie a certos orgulhos e seja feliz com quem cuida de você, pois o porvir é incerto e tem grandes chances de reservar amargura, e arrependimento.

Desejo sabedoria e consciência a você que leu até este ponto, pois sei que me respeita, considera e que hoje contribui para um despertar altruísta em você.



Anderson Domingos de Oliveira

22/10/2014 

3 comentários:

Fabio Nani disse...

Não há o que complementar.

Só não canse de praticar este modo de pensar quando algo dá errado. Seria o mesmo que se render ao lado negro da força. ;)

Anderson disse...

Valeu meu irmão.

igor disse...

Poucos são autruístas, ou pelo menos pensam no outro. Ser assim é gratificante, devemos sempre pensar no "dar sem receber". Mas certamente isso um dia pode cansar. É a partir daí que o amor próprio deve falar mais alto, fechar os olhos para olhar para dentro de si e tomar aquele fôlego para dar mais um "primeiro passo". O nosso corpo foi construído para olhar, andar e movimentar-se para frente sempre e até olhar pra trás gera esforço.
Sejamos boas pessoas sempre, mas não sejamos ingênuos. Sei que, como homem que és, sabes bem olhar e caminhar pra frente. Estamos juntos, Anderson!